Conheça o artista: Nairobi

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Por favor, se apresente (quem é você)?

Eu sou o Nairobi, mc curitibano na ativa desde 1999 correndo pela cultura hip-hop e não só pelo rap desde os meus 15 anos de idade até hoje. Também estudo rádio e TV como uma forma de poder trabalhar em uma área próxima a área musical e de comunicação, ferramenta que me ajudará de inúmeras maneiras no meu trampo artístico. Sou EXTREMAMENTE viciado em rap e em música em geral. Devoro discos e livros sistematicamente. Gosto de cinema, mas não sou cinéfilo. Meu objeto de estudo e o hip-hop e os desencadeamentos de como toda essa cultura se articula e de como e porque isso se dá. Tento através do meu trabalho introduzir novas maneiras de ver e de pensar ao publico, pois a diversidade e necessária num gênero onde muitos falam das mesmas coisas da mesma maneira, não permitindo a expansão dos horizontes de quem ouve e nem de quem faz. Acredito no hip hop porque ele fez isso por mim saca? Me tirou de uma existência mediana e me pôs em contato com a poesia e a literatura, com os outros estilos musicais, com as artes em geral, e assim expandiu meu horizonte. Aprendi a falar inglês fluentemente ouvindo e lendo letras de rap. Conheci um pouco da história da arte como o renascentismo devido ao meu interesse pelo grafitti. Adquiri cultura, identidade, orgulho, e muitas outras coisas ótimas em minha vida por causa dessa cultura inacreditável que tomou o mundo de uma maneira devastadora, mudando vidas e elevando seres humanos como nenhum movimento artístico havia feito antes.


Da onde você veio?

Curitiba, São Braz - Jardim Saturno.


Quais são as suas influências musicais?

São inúmeras. Desde as rodas de MPB que rolavam na casa dos meus avos paternos, onde se ouvia e se cantava de tudo. Quando meu tio cansava de tocar o violão meu avô já vinha com um vinil do Al Green ou do BB King, Barry White, etc. E eu ali com 5, 6 anos já interessado pelo fascínio que a minha família tinha pela boa música. Eu trazia esses vinis pra minha casa e foi assim que eu comecei a tomar gosto pela música. Depois desbravei com as próprias pernas o mundo musical a minha frente, seja na rua com os caras mais velhos q andavam de skate no começo dos anos 90, ou com meus tios e primos. Me identificava com o rock quando era criança, mas depois que ouvi o “Gabriel O Pensador” com “Matei O Presidente” em 92 na época do impeachment do Collor e logo depois ouvi “Homem Na Estrada” do Racionais eu fiquei hipnotizado. Com nove anos eu já era viciadão em som. Pedi até pra minha mãe assinar a revista Bizz na época, especializada em música pra eu estar à par do mundo do rock e do rap. Por me identificar mais com o hip hop deixei de consumir rock lá por 94, 95 e me tornei adepto do rap. Quando comecei a notar que a maioria dos raps eram construídos em cima de clássicos da soul music, do funk, do jazz, comecei a me interessar também por estes estilos musicais. Desde então consumo e pesquiso como louco de tudo um pouco. De Vinicius e Toquinho à Scienz of Life , de Fela Kuti à Jards Macalé de Tom Zé à Jay-Z, de Aretha Franklin à Greatfull Dead, passando por Dave Brubeck, Alice In Chains e Afrika Baambaata. Em matéria de rap já ouvi de tudo. De tudo mesmo!!! Já tive milhões de fases e interesses diferentes de rap desde a verdadeira old school com “Cold Crush Brothers”, “Funky for Plus One More” até o começo da ascensão do dirty south com a “No Limit Records” do Master P, passando pela primeira escola do "underground" americano como Company Flow, Kool Keith, Talib Kweli, Mos Def, nas mixtapes como Walkman Rotation, NY Reality Check e Soundbombing 1 e 2. Escutei muito rap nacional desde Pepeu até Marechal, de Thaide à Doncesão passando pelas cenas de Brasília na época do GOG e da gravadora Discovery, São Paulo desde a cultura de rua com Mc Jack até as inéditas do Brown, Rio de Janeiro com os funks dos anos 90 nas coletâneas Rap Brasil aos novos emcees da fase da Zoeira, Rio Grande do Sul com Piá e Da Guedes e aqui de Curitiba eu admirava o Blackout (grupo do meu querido DJ Primo) e o Comunidade Racional, HGB assim como Raciocínio Urbano, mas até hoje não encontrei uma fase no rap tão perfeita e potente como a “Golden Era”. Foi justamente nessa época que comecei a consumir compulsivamente os cds que chegavam, como Notorious BIG, The Roots, A Tribe, Wu Tang (a banca toda), Pharcyde, Lord Finesse, Nas, Big L, Digable Planets, Camp Lo, e até o presente momento não consegui parar de escuta-los. Amo muita coisa pra citar um décimo delas aqui, sem chance hahaha.


Aonde você já apareceu, sons e apresentações importantes?

Meu ingresso nesse mundo foi no famoso e tão falado 66, onde se via todos os domingos o hip-hop acontecendo. Ali trampei com os dj Ploc, Primo e Antu. Ali ganhei minhas primeiras batalhas de freestyle e fiz minha primeira apresentação em público. Trabalhei como beatmaker com o mc Magu e com o dj Jeff Bass no disco de estréia dele “Pós Moderno Menestrel”, e como mc em diversos campeonatos de b.boys entre eles o Cwbreakin e o Hip Hop Pro Arte. Com os meus parceiros NelSentimentum e Spektrum fundei o grupo Audiocracia que figurou na cena a partir de 2000. Nesta fase fizemos muitos shows em festas locais, o que inspirou e encorajou muitos novos artistas de Cwbeats a por a cara no mundo do rap. Já toquei no interior de Santa Catarina em campeonatos de skate, e em São Paulo no lançamento do disco dos parceiros do contra fluxo e na festa de um ano do programa Freestyle. Em gravações participei do projeto 011-41 (coletivo paulistano-curitibano), da mixtape “Zero Grau”, da coletânea “Coligações Expressivas” do DJ Caíque, da coletânea da Track Cheio que sairá este ano, uma mix entitulada “Miscelânea” onde tenho uma faixa e também do disco e da mixtape “Superação do grupo Contrafluxo.


Você produz (ou quem produz)?

Eu produzia beats até 2005 quando resolvi me focar no que considero ser um dom maior do que o de beatmaker - o de emcee. Hoje em dia não produzo mais, mas ainda lhe garanto que sei fazer um bom beat. Logo mais quando eu estiver mais realizado e maduro como emcee eu volto aos beats.


Melhor momento no hip-hop:

Os melhores momentos sempre serão os próximos, mas os bons momentos são inúmeros. Amizades, amores, ídolos, fãs, batalhas, viagens, conquistas pessoais e profissionais que nunca serão esquecidas.


Qual o próximo passo (o que vem pela frente)?

Meu disco chamado “De Volta Aos Anos 90” em companhia do meu fiel escudeiro Spektrum, um dos maiores talentos que eu conheço dentro do rap, que já foi gravado, mas ainda não saiu por motivos estritamente financeiros. Também há uma mixtape recheada de parcerias que sairá pela Track Cheio que ainda não tem nome.


Mande seu salve:

Meu salve vai pra quem tem fome de evolução e amor pela vida. Pra quem se fode o dia inteiro, mas não perde a ternura. Pra quem faz por amor, não por dinheiro ou obrigação. Pra quem acredita na vida, no ser humano, no outro. Pra quem cuida do hip-hop e ama o hip-hop como se ama a um pai e a um filho ao mesmo tempo. Pra todos que eu cruzei na minha caminhada e pra quem eu ainda não tive o prazer de trombar mas que conhece e admira o meu trabalho. Eu faço minha arte pra vocês, pessoas que realmente sentem o que eu também sinto. UM SÓ AMOR - PAZ!!!


Contato: nairobi314mc@hotmail.com

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